sexta-feira, setembro 30, 2016

Como o Islão difere de outras Crenças?

Prezados Irmãos, 

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alai-kum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

Como Simplicidade, Racionalidade e Praticabilidade

O Islão é uma religião sem qualquer mitologia. Os seus ensinamentos são simples e inteligíveis. É livre de superstições e crenças irracionais. A unicidade de Deus, a missão profética de Muhammad (p.e.c.e.) e o conceito de vida após a morte são artigos básicos de sua fé. Artigos esses que são baseados na razão e lógica sólida. Todos os ensinamentos do Islão fluem dessas crenças básicas e são simples e diretos. Não existe hierarquia de sacerdotes, nem abstrações forçadas, nem ritos ou rituais complicados.

Todos podem abordar o Alcorão diretamente e aplicar os seus ensinamentos na prática. O Islão desperta no ser humano a faculdade da razão e o exorta a usar o seu intelecto. Encoraja-o a ver as coisas à luz da realidade. O Alcorão aconselha-o a buscar conhecimento e invocar a Deus para expandir a sua consciência: 

“Dize: ‘Ó Senhor meu! Aumenta-me em conheci-mento.’” (Alcorão, 20:114) 

Deus também diz:

“Poderão, acaso, equiparar-se os sábios com os insipientes? Mas apenas pessoas de entendimento prestarão atenção.” (Alcorão 39:9) 

É relatado que o Profeta Muhammad, que a paz e bênçãos de Deus estejam com ele, disse: 

“Aquela pessoa que deixa a sua casa em busca de conhecimento, anda no caminho de Deus.” (At-Tirmidhi) 

E que: 

“Buscar conhecimento é obrigatório para cada muçulmano e muçulmana.” (Ibn Majah e al-Bayhaqi) 

É assim que o Islão tira o ser humano do mundo de superstição e escuridão e o inicia no mundo do conhecimento e luz.

O Islão é uma religião prática e não permite indulgência em teorização vazia e fútil. Diz que a fé não é uma mera profissão de crenças, mas o motivo principal da vida. A conduta virtuosa deve vir acompanhada da crença em Deus. A religião é algo a ser praticado e não algo da boca para fora. O Alcorão diz: 

“Os crentes que praticam o bem terão a bem-aventurança e um feliz retorno.” (Alcorão 13:29) 

Também é relatado que o Profeta (p.e.c.e.) disse: 

“Deus não aceita crença se não é expressa em ações, e não aceita ações se não estão em conformidade com a crença.” (At-Tabarani).

Sendo assim, a simplicidade, racionalidade e praticabilidade são o que caracterizam o Islão como uma religião verdadeira e única.

Unidade de Matéria e Espírito

Uma característica única do Islão é que ele não divide a vida em compartimentos de matéria e espírito. Não se posiciona pela negação da vida, mas pelo seu pre-enchimento. O Islão não acredita no ascetismo. Não pede ao ser humano para evitar as coisas materiais. Mantém que a elevação espiritual deve ser alcançada por uma vida virtuosa nas dificuldades da vida, não pela renúncia ao mundo. O Alcorão nos aconselha a orar como se segue: 

“Ó Senhor nosso! Concede-nos a graça deste mundo e do Futuro, e preserva-nos do tormento infernal!” (Alcorão 2:201)

Mas ao fazer uso dos luxos da vida, o Islão aconselha ao ser humano a ser moderado e se afastar da extravagância. Deus diz:

“...comei e bebei; porém, não vos excedais, porque Ele não aprecia os perdulários.” (Alcorão 7:31) 

Sobre esse aspecto de moderação, o Profeta Muham-mad (p.e.c.e.) disse: 

Observe o jejum e o quebre (no momento certo) e ore e faça devoção (à noite) mas durma, porque o seu corpo tem direitos sobre si e os seus olhos têm direitos sobre si e a sua esposa tem direito sobre si, e a pessoa que a visita tem direito sobre si.”

Consequentemente, o Islão não admite qualquer se-paração entre “material” e “moral”, vida “mundana” e “espiritual”, e encoraja o ser humano a devotar todas as suas energias à reconstrução da vida com fundações morais saudáveis. Ensina-o que poderes materiais e morais devem estar juntos e que a salvação espiritual pode ser alcançada usando recursos materiais para o bem do ser humano, no serviço de fins justos, e não vivendo uma vida de ascetismo ou fugindo dos desafios da vida.

O mundo sofreu nas mãos dos unilaterais de muitas outras religiões e ideologias. Alguns enfatizaram o lado espiritual da vida mas ignoraram os seus aspectos materiais e mundanos. Olharam para o mundo como uma ilusão, uma fraude e uma armadilha. Por outro lado, ideologias materialistas ignoraram totalmente o lado espiritual e moral da vida e o descartaram como se fosse fictício e imaginário. Ambas as atitudes resultaram em desastre, porque destituíram a humanidade de paz, contentamento e tranquilidade.

Mesmo hoje o desequilíbrio se manifesta em uma direção ou outra. O cientista francês, Dr. De Brogbi, diz de forma correta: 

“O perigo inerente numa civilização material tão intensa é para a própria civilização; é o desequilíbrio que resultaria se um desenvolvimento paralelo da vida espiritual fracassasse em fornecer o equilíbrio necessário.”

O Cristianismo errou em um extremo, enquanto a civilização ocidental moderna, em suas variantes de democracia capitalista secular e socialismo marxista, errou em outro. De acordo com Lorde Snell: 

Construímos uma estrutura externa de proporções nobres, mas negligenciamos o requisito essencial de uma ordem interior; planejamos cuidadosamente, decoramos e limpamos o lado de fora da chávena, mas o interior está cheio de extorsão e excesso; usamos o nosso conhecimento e o poder aumentados para administrar os confortos do corpo, mas deixamos o espírito empobrecido.”

O Islão busca estabelecer o equilíbrio entre esses dois aspectos da vida – o material e o espiritual. Diz que tudo no mundo é para o ser humano, mas o ser humano foi criado para servir a um propósito maior: o estabeleci-mento de uma ordem moral e justa que atenderá a vontade de Deus. Os Seus ensinamentos atendem as necessidades espirituais e temporais do ser humano. O Islão encoraja o ser humano a purificar a sua alma e a reformar a sua vida diária – tanto individual quanto colectivamente – e a estabelecer a supremacia do certo sobre o poder e da virtude sobre o vício. 

Sendo assim, o Islão opta pelo caminho do meio e o objectivo de produzir um ser humano moral no serviço de uma sociedade justa.

Islão, um Estilo de Vida Completo

O Islão não é uma religião no sentido comum e distorcido, porque não restringe o seu propósito à vida privada. É um estilo de vida completo e está presente em todos os campos da existência humana. O Islão provê orientação para todos os aspectos da vida – individual e social, material e moral, econômico e político, legal e cultural, nacional e internacional. O Alcorão encoraja o ser humano a abraçar o Islão sem qualquer reserva e a seguir a orientação de Deus em todas as áreas da vida.

De facto, foi um dia infeliz quando o propósito da religião ficou confinado à vida privada do ser humano e o seu papel social e cultural foi reduzido a nada, como aconteceu neste século. Talvez nenhum outro fator tenha sido mais importante na causa do declínio da religião, nos tempos modernos, do que seu afastamento para o campo da vida privada. 

Nas palavras de um filósofo moderno: 

“A religião nos pede para separar as coisas de Deus das de César. Tal separação judicial significa a degra-dação tanto do secular quanto do sagrado... A religião não tem valor quando a consciência de seus seguidores não fica perturbada quando a guerra paira sobre todos nós e os conflitos industriais ameaçam a paz social. A religião enfraqueceu a consciência moral e a sensibilidade moral do ser humano ao separar as coisas de Deus das de César."

O Islão denuncia totalmente esse conceito de religião e afirma, de forma clara, que os seus objetivos são a purificação da alma e a reforma e reconstrução da sociedade, conforme se lê no Alcorão: 

“Enviamos os Nossos mensageiros com as evidências: e enviamos, com eles, o Livro e a balança, para que os humanos observem a justiça; e criamos o ferro, que encerra grande poder (para a guerra), além de outros benefícios para os humanos, para que Deus Se certifique de quem O secunda intimamente, a Ele e aos Seus mensageiros. Sabei que Deus é Poderoso, Forte.” (Alcorão 57: 25)

Deus também diz: 

O juízo somente pertence a Deus, que vos ordenou não adorásseis senão a Ele. Tal é a verdadeira religião; porém, a maioria dos humanos o ignora.” (Alcorão 12: 40)

Portanto, mesmo um estudo superficial dos ensinamentos do Islão mostra que é um estilo de vida abrangente, que não permite que nenhum ramo da existência humana se torne um campo para as forças do mal.
Quem não pretender continuar a receber estas reflexões, por favor dê essa indicação e retirarei o respectivo endereço desta lista.

Obrigado. Wassalam.

M. Yiossuf Adamgy – 28/09/2016